segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Entrevista do mês - Bonicley Preston


Entrevista do mês é mais um dos projetos do Gabinete Estadual do RN "Palavras movem pessoas, exemplos arrastam multidões" e propõe-se a entrevistar irmãos e tios do Rio Grande do Norte, em um jogo rápido de 5 perguntas sobre diversos assuntos, sempre fazendo uma relação com a Ordem DeMolay. Caso você queira ser um de nossos entrevistados ou tem alguma dica para o próximo entrevistado, nos envie e-mail para projetos@gabinetern.com.

1º ENTREVISTADO - BONICLEY PRESTON (JANEIRO DE 2012)



INTRODUÇÃO (Um pouco sobre o irmão entrevistado)

        Meu ilustre irmão Paulinho, é difícil definir quem somos, para alguns, não passo de um cara chato e exigente em tudo que faço, para outros sou irmão com falhas e também qualidades que sempre cumpre o que promete e que ainda está batalhando para vencer na vida. Eu nasci em Mossoró, em 1977, conheci a Ordem indo a uma feijoada do Príncipe do Oeste e fiquei impressionado com a camaradagem e esforço de um pequeno grupo de jovens que se desdobrava com esforço e bom humor para realizar aquela tarefa. Poucos dias após, tio Dino perguntou ao meu pai se eu tinha interesse em ingressar e assim o fiz.
         Fui iniciado no Capitulo Príncipe do Oeste, em 05 de Dezembro de 1992, juntamente com o Ilustre Irmão Hallrison e mais 13 irmãos. Lembro que era uma época onde o Príncipe ainda enfrentava desafios para manter suas portas abertas.
         Ainda estão vivas em minha memória figuras importantes para aquele Capítulo como tios Luiz Guerra, Jose Fernandes, Tio Dino e Jose Wilson a frente do conselho consultivo por um bom tempo. Além do Tio Santiago e o irmão Joaquim Aprígio (verdadeiros timoneiros), existiram muitos os que contribuíram para o engrandecimento da Ordem, mas houveram alguns que no passado não muito distante começaram a moldar a Ordem como conhecemos hoje, como o Irmão Hamilton Vieira que deu um choque de gestão. Foi na administração dele que fizemos a primeira iniciação decorada do estado; O irmão Frank Felizardo deu inicio a uma maior aproximação do MCE junto aos Capítulos; Thiago Pedrosa (que morou e frequentou Capítulos estadunidenses) deu início a uma maior preocupação com o planejamento administrativo. Judson Gurgel criou o Gabinete Estadual, dando um direcionamento de como iriam agir o MCE e seus secretários.
         Como fui forjado à moda antiga, logo comecei a ocupar varias comissões dentro do Capítulo, ocupei as Secretarias do Príncipe do Oeste, do Abolição e do Priorado Arautos da Liberdade. Também fui Mestre Conselheiro do Capitulo Abolição com a idade de 23 anos. Graças ao convite e à autorização de tio Josué Pedrosa (Oficial Executivo da época), fui secretário da Oficialaria de tio Dino quando ele foi Oficial Executivo (hoje Grande Mestre), tive a honra de ser um dos organizadores do X Congresso Nacional de 2003 em Mossoró. Na ocasião recebi o convite de Tio Santiago para ser Secretario do Supremo Conselho, caso ele fosse eleito Grande Mestre Nacional (aceitei de pronto, era o sonho da minha vida). São muitas histórias e sei que não tenho o direito de deixá-los enfadados com meus devaneios...

PERGUNTAS

1 - Quais as diferenças mais notáveis da Ordem DeMolay em sua época como DeMolay ativo com relação a atual época?

R - No inicio da década de 90 ainda estávamos muito ligados ao ritual, não existia internet e as informações sobre a própria Ordem eram bastante escassas. Não existia data certa para posses ou obrigatoriedade para fazer iniciações e elevações como hoje, tínhamos que aprender na raça com quase nenhuma instrução ou material de apoio, mas mesmo assim fazíamos uma Ordem com vigor. Nossos Congressos Estaduais eram simples, sem os cerimoniais que existem hoje, lembro-me do primeiro que participei em 1993 em Natal, com aproximadamente 120 participantes, o MCE era nosso Ilustre Irmão Kleber Cavalcante, todos nós ficávamos maravilhados em ver o MCE usando uma capa oficial (nessa época o MCE usava capa e os nossos Capítulos usavam uma capas bem pequenas, pois não havia dados para fazer uma como usamos hoje). Apesar das dificuldades fazíamos campanhas filantrópicas de peso como escolas x escolas de São Paulo do Potengi, ou arrecadação de alimentos. A Oficialaria (hoje Grande Conselho Estadual) resumia-se a tio Santiago e seu fiel secretário Joaquim Aprígio que sempre se desdobravam para nos visitar e nos orientar da melhor forma possível. Se desfrutamos de respeito em todo o Brasil muito disso deve-se ao trabalho abnegado desses dois grandes homens. Não havia conhecimentos sobre os dias obrigatórios, ou clube de mães, tínhamos que nos “virar” sem elas. Enfim, eram muitas as dificuldades de todas as formas que superávamos a medida que o tempo passava. Muito do que existe hoje, deve-se a alguns irmãos apaixonados que lutaram, com acertos e erros, para que a Ordem se encontre da forma como estar hoje.

2 - O que falta para a Ordem DeMolay, que existe em outra instituição que você conhece?

R - Olha é difícil responder diretamente, somos uma instituição que temos por fim formar líderes com responsabilidade social e o nosso público são jovens do sexo masculino entre 12 e 21 anos, portanto, temos que ser conscientes de nossas limitações sem esquecer nossa missão. Acho que a Ordem DeMolay é espelho para muitas instituições, às vezes tenho a convicção (minha esposa que o diga) que somos a Joia da Coroa da Juventude Brasileira, mas fico triste quando vejo que a nossa Ordem ainda é pouco acessível àquela faixa mais carente da população, portanto, tenho os escoteiros como um exemplo que deveríamos seguir aja vista ser notório que eles atingem todas as camadas mais pobres da população, pois são estes que mais necessitam de nossa ajuda ou apoio. Não podemos perder o entusiasmo, mas não temos o luxo de fechar os olhos para o que devemos melhorar, e as vezes parecemos um “clubinho de burgueses” e isso não é nada bom, tendo em vista que a nossa imagem é o nosso maior patrimônio.

3 - Sobre os exemplos presenciados na Ordem DeMolay. Qual deles mais lhe marcou profundamente?

R - A Ordem me proporcionou um ambiente de convivência muito sadio e não foram poucos os exemplos que pude presenciar, mas um me chamou a atenção: O nosso Tio Santiago tinha um comércio que vendia armas e munições. Num determinado dia ele falou a tio Dino que iria deixar de vender esses artefatos para que pudesse servir de melhor exemplo para a nossa Ordem. Também não foram raras as vezes que contrariando recomendações médica esses dois Grandes Maçons sempre davam um jeito de participar de nossos eventos onde muitos nem desconfiavam das dores ou doenças que os atormentavam. (Tia Joana e Tia Francineide sabem bem disso)

4 - É fato que a adaptação é algo necessário, suponhamos então que daqui a 80 anos a Ordem DeMolay comece a aceitar o ingresso de jovens do sexo feminino. Atualmente qual é a sua postura a respeito? Sabemos que existem instituições femininas e mistas, mas, pensando única e exclusivamente na Ordem DeMolay, qual a sua opinião?

R - Uma das grandes qualidades do Tio Frank Shermann era sua capacidade de adaptação, talvez seja por essa qualidade que nossa Ordem prosperou, de modo que se daqui a oitenta anos esse for o melhor caminho para a Ordem, concordaria plenamente. A Ordem DeMolay não pode se dissociar da realidade social como fazem algumas instituições.
No final o nosso objetivo é contribuir para o engrandecimento da humanidade e tenho a convicção que no futuro próximo muitos falarão da presença de nossa bandeira imponente na influência e contribuição de um mundo melhor.
      
5 - Somos uma instituição que visa o melhoramento interior de seus membros, a construção moral, a formação de lideres para o futuro, além de muitos outros aspectos. Tendo consciência de nossa função e ferramentas, ao expulsarmos um membro de nossa instituição estaríamos assinando um atestado de incompetência?

R - Se cantarmos aos quatro ventos que Bill Clinton é DeMolay, dentre tantos outros famosos e bem sucedidos, se reclamamos os louros das vitórias quando um dos nossos se destaca na sociedade, então nada mais descente em sermos humildes em reconhecer nossas falhas quando um de nós comete erros. Logicamente temos que usar o bom senso (como sempre afirma o nosso irmão Jaimar). Nossos irmãos ativos são jovens que naturalmente cometem erros e deslizes, eu mesmo já cometi e após pagar caro, tive a oportunidade de corrigi-los, mas como falamos na ciência jurídica, a punição possui dois caráteres: o preventivo e o repressivo, e as vezes não existe outra saída que não seja a expulsão, além de servir de exemplos para os outros. É de bom grado ressaltar que a sociedade espera de nós, repulsa por certas atitudes que são uma verdadeira afronta aos bons costumes sociais que tanto prezamos, portanto devemos assumir que houve falha em nossos métodos quando somos obrigados a expulsar um membro de nossos quadros, mas devemos sempre estar do lado da justiça e o dever de ser justo nem sempre anda ao lado da conveniência.


Um comentário:

  1. Saber das histórias dos irmãos mais velhos não me causam inveja, nem fico me preocupando se essa ou aquela época era melhor.
    No entanto, saber das histórias dos irmãos mais velhos me faz entender melhor a Ordem DeMolay, além de me mostrar o quanto tenho a aprender e a desenvolver aqui dentro!

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