segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Proclamação da República - por Filipe Antônio

       A maçonaria tem por objetivo tornar feliz a humanidade, pelo amor, aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e a crença de cada um. A maçonaria se utiliza de instrumentos em seus rituais que proporcionam luz (conhecimento) aos que vieram das trevas (ignorância), se o profano assim aceitar e permitir a transformação proposta pela maçonaria. Lançando mão desta idéia a maçonaria não deve participar de nenhum movimento político ou religioso, mas sim os maçons iniciados em seus mistérios e dotados do conhecimento fornecido pelas práticas ritualísticas e o convívio entre irmãos, estes tiveram e tem o dever de participar de movimentos políticos e religiosos fomentando assim a prática da cidadania e estreitando nossos laços com o Pai Celestial.
      Um dos casos, no Brasil, da participação de maçons na construção de nossa historiografia foi à proclamação da Republica no dia 15 de novembro de 1889. Este acontecimento se torna curioso pelas situações pitorescas ocorridas no decurso deste processo, algumas vezes situações causadas pela influencia da própria maçonaria.
      A idéia republicana é antiga no Brasil desde a Guerra dos Mascates (1710), o Brasil a muito já clamava pela República, Era uma questão de Tempo. Maçons ilustres participaram da construção desta idéia revolucionaria como o Marechal Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant, Ruy Barbosa, Campos Salles, Quintino Bocayuva, Prudente de Morais, Silva Jardim, dentre outros.   
      O Império Brasileiro já estava desgastado e vagarosamente ruía-se. A igreja, por sua vez queria a liberdade, pois, encontrava-se submetida ao padroado Imperial, o sistema monarquista já não era compatível com as necessidades nascidas da modernização da economia, e a Perda de apoio popularde Dom Pedro II, que na maior parte do tempo recolhido em Petrópolis, já não era mais uma figura querida entre as massas. Esses fatores foram importantes, mas de fato a condição sine qua non que fez com que o Império perdesse a sua sustentação, foram as leis antiescravistas, muito defendidas nas Lojas Maçônicas Brasileiras. Leis como a do Ventre Livre (1871), dos Sexagenários (1885) e finalmente a Lei Áurea (1888). Mas infelizmente não podemos generalizar, este processo foi recheado por contradições e dentro da maçonaria não poderia ser diferente, certamente existiam maçons que eram contra as leis antiescravistas, provavelmente alguns cafeicultores paulistas e mineiros, mas isso era uma realidade em sua época não podemos julgá-los, pois foram produtos de seu período.
      A decisão da tomada do poder pelo movimento Republicano foi conspirada em uma reunião entre irmãos maçons na casa de Benjamin Constant, estando tambem Francisco Glicério e Campos Salles, sendo depois levada pelo próprio Benjamin ao conhecimento de Deodoro da Fonseca, neste ponto temos uma situação pitoresca, há vários relados de Benjamin dizendo como foi difícil convencer o Marechal a tomar o comando do movimento, pois este era muito afeiçoado ao seu irmão maçon o Imperador, inclusive na carta enviada a D Pedro II por Deodoro informando-o sobre o movimento da República ele praticamente pede desculpas ao Imperador e diz que só estava à frente do movimento, pois era o povo que pedia. Em resposta o Imperador diz:

À vista da representação escrita que me foi entregue hoje, às 3 horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir, com toda a minha família, para a Europa, deixando esta Pátria, de nós tão estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranho amor e dedicação, durante mais de meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade.”

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889                                                                                              
D. Pedro de Alcântara.

     Vale à pena ressaltar o peso da participação de Deodoro da Fonseca nesse movimento explicando alguns detalhes dos bastidores do acontecimento. Fosse ou não ele a figura central do fato, que não enfrentou praticamente nenhuma resistência, daí as representações não o mostrarem de espada em punho, lutando ou algo do tipo, muito provavelmente a história teria o mesmo desfecho. Contasse que o "herói da proclamação" fez parte do Estado monárquico e era funcionário de confiança de dom Pedro II. Relutou em instaurar o novo sistema e aderiu à causa dias antes.
      Dentre outros fatos intrigantes da proclamação, no dia fatídico, ele saiu de casa praticamente carregado por seus companheiros, Deodoro estava doente, com problemas respiratórios. Cavalgou quase a contragosto, ameaçado pela idéia de que o governo imperial, ao saber dos boatos sobre a proclamação, pretendesse reorganizar a Guarda Nacional e fortalecer a polícia do Rio de Janeiro para se contrapor ao Exército. Foi o republicano José do Patrocínio que, horas mais tarde, dirigiu-se à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, presidindo o ato solene de proclamação da República. Deodoro, a essa altura, estaria em casa, possivelmente assinando a carta que chegaria a seu amigo, o imperador Pedro II, informando, com grande pesar, o banimento da família real do Brasil.
       D. Pedro II era um homem culto e ponderado, maçon apaixonado e de acordo com alguns autores contrariou a opinião pública, não lutando pelo trono, pois não queria ver derramado o sangue de brasileiros, demonstrando um alto sentimento altruísta, reconhecendo que para o Brasil este seria o seu novo e melhor destino.
     Segue, para o exílio, o Imperador, e com ele, meio século de história do Brasil imperial. Estava proclamada a República e voltavam as esperanças de se construir uma nova nação, dentro dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.


Filipe Antônio Bruno Fernandes
M.:M.: da AUG.:RESP.:LOJ.:SIMB.: Augusto Simões n26 GLERN
Oficial Executivo da Ordem DeMolay do RN para a 1ª Região 

Nenhum comentário:

Postar um comentário